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O perigo de uma história única

Foto do escritor: A leitora ClássicaA leitora Clássica

Vocês já pararam para pensar como formamos a opinião acerca de uma pessoa ou de um lugar? Geralmente nossa visão é formada sobre o que ouvimos falar através dos outros, dos livros, das redes sociais.



Mas será que essas versões correspondem realmente a quem essa pessoa ou lugar de fato são? Provavelmente não ou não inteiramente e esse é o perigo de uma história única  que a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie nos alerta nesse livro e a história única nos leva a outro perigo, o da generalização.


"É assim que se cria uma história única: mostre um povo como uma coisa, uma coisa só, sem parar e é isso que esse povo se torna."

Não se enganem!  Nós fazemos isso constantemente. Nós acreditamos em algum ponto de vista que nos foi passado e essa história se torna a versão definitiva sobre essa pessoa ou sobre esse lugar,  sobre esse povo . Além disso, nós estendemos essa visão para todas as pessoas com características semelhantes ou pertencentes a um determinado grupo ou lugar.


É assim que nascem os estereótipos e a autora fala muito bem no seu livro que o problema com os estereótipos não é nem que eles estejam errados, mas com certeza eles são incompletos. "Eles fazem com que uma história se torne a única história."


Lembrei-me desse livro ao estudar sobre Carolina Maria de Jesus e seu best seller "Quarto de despejo" que em breve será resenhado aqui no blog. Eu tinha uma "história única" sobre a autora e nela não cabia uma mulher leitora de Camões e outros inúmeros poetas e com uma escrita sensível e bela. Nela só cabia a catadora de papel que escrevia sobre as misérias e dores do seu cotidiano.


Isso é o pior que a "história única" que criamos sobre pessoas e lugares pode fazer: retirar do outro possibilidades existenciais e , no meu caso com a escritora Carolina, também  artísticas.


Também é impossível não ressaltar a importância de diversidade e representatividade na literatura. Nossas histórias não são únicas e devem ser contadas também de forma plural.


Uma obra pequena em números de páginas, mas enorme em reflexões.


A autora finaliza o livro nos convidando a rejeitar a história única e a descobrir que nunca existe uma única história sobre alguém ou algum lugar.


"As histórias importam. Muitas histórias importam. As histórias foram usadas para espoliar e caluniar, mas também podem ser usadas para empoderar e humanizar."

Vamos pensar sobre isso?

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4 Comments

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patriciamilanis
patriciamilanis
Jan 04, 2024

Que tenhamos a curiosidade e a oportunidade de conhecer as histórias por mais de uma fonte, para que possamos ter uma melhor compreensão do que nos é apresentado. Que procuremos realmente conhecer ao invés de apenas ouvir falar.

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🤌🤌🤌🤌

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Fernanda Alcantara
Fernanda Alcantara
Jul 23, 2023

Penso sempre nisso, e a escritora Chimamanda colocou exatamente o que vemos todos os dias. Quem escreve a história, quem conta e faz a história. O estudo do gênero na história escolar moldou nossa visão para heróis do sexo masculino, onde o "sexo frágil" só cabia como coadjuvante, um ombro para o líder se apoiar no final do dia.

Lendo Carolina vemos nossa história ser contada, vivida; então qual o motivo de ser esquecida? Vista como um ponto fora da curva, tachada e anunciada como parte de tudo que ela era.

Quem está contando essa história que estamos lendo e vivendo. Temos mesmo que só olhar para frente e seguir ou olhar para o lado e entender?

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👏👏👏👏👏👏

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