Minimalismo digital e o dilema das redes

Eu nunca tive uma relação tranquila com as redes. Sempre me questionei do porquê manter um perfil em uma rede social de alta exposição como o Facebook e o Instagram. Já mudei de perfil diversas vezes. Já deletei mais de 4 mil seguidores de outra conta do Instagram e recentemente exclui mais de 1 mil seguidores da minha conta pessoal.

Até mesmo a minha página literária passei a deixar mais tempo privada do que pública.

Mas essa minha inquietação não vem de hoje. A televisão, por exemplo, foi outro dispositivo que, anos atrás, senti furtando um tempo considerável da minha vida e reduzi tanto seu uso que hoje praticamente não a ligo mais.

Com o "boom" das redes sociais passei a ficar muito tempo no celular (especialmente de 2014 em diante quando adquiri meu 1o smartphone) e como eu trabalhava a quilômetros de distância de casa e passava a semana sozinha nessa época, o celular era a minha forma de escapar da solidão, até que em 2020 com a pandemia isso passou a me fazer muito mal.

Atualmente, de rede social só utilizo o Instagram e o telegram. Deletei Facebook, não uso WhatsApp (até tenho, mas não estranhe se eu passar semanas para te responder),  nem Tik Tok , nem Twitter

Ou seja, me manter conectada em diferentes plataformas é algo que me gera desconforto e por isso escolhi permanecer somente nessas. Passei, então, a procurar estratégias para cada vez mais colocar em prática o minimalismo digital na minha vida.

Mas não é apenas o desperdício de tempo que me preocupa com o uso das redes socias. Na distopia 1984 do escritor George Orwell (tem no feed do Instagram uma reflexão que tive na época que fiz a leitura) uma das formas de controle social eram as teletelas que captavam até mesmo as emoções dos habitantes daquele país e não podiam ser desligadas. No livro do Orwell o uso da teletela era imposto pelo Estado, mas na nossa distopia atual nós fazemos isso voluntariamente e todos dias despejamos no universo online milhares de dados a nosso respeito e de nossos familiares.

Somos escravos das redes sociais com a utopia de que estamos melhores informados, mas isso é uma ilusão. Muitas pessoas tem essa sensação (eu já tive) de que estar off nos faz "perder" algum conteúdo relevante.

Lucro por desinformação. Esse é o modelo de negócio das redes sociais. Nunca estivemos tão conectados e nunca estivemos tão desinformados.

Vocês sabiam que uma Fake News tem 6x mais engajamento que um post verdadeiro ?

Sobre esse tema,  assisti recentemente um documentário na Netflix que abriu ainda mais a minha mente para essa questão.

O documentário de 2020 chamado "O dilema das redes" traz ex funcionários das plataformas como Facebook, Instagram,  Google, Uber, Twitter , Pinterest onde eles explicam todo o mecanismo por traz das redes sociais que tem um único intuito: nos manter online o máximo de tempo possível para que possamos ver o máximo de anúncios possíveis para que os anunciantes vendam o máximo possível e com isso gere um lucro astronômico para essas empresas. 

Nesse documentário duas frases me chocaram bastante:

"Se você não está pagando pelo produto,  você é o produto "

"Existem apenas duas indústrias que chamam seus clientes de usuários: a de drogas e a de software. "

Indico que assistam ao documentário por inteiro e reflitam também sobre os hábitos de vocês na internet.

Eu não quero fazer parte disso e não quero ser razão para que vocês façam. Por isso tento ser criteriosa na hora de publicar um conteúdo ou gravar stories. Refletir sobre isso não me fez mudar apenas meu comportamento como "usuária", mas tem me feito refletir também sobre a minha postura como criadora de conteúdo.

Esse blog é uma dessas tentativas de nadar contra a correnteza.

Sei que é impossível (apesar de eu já ter reduzido muito a minha vida online) viver 100% no off e por isso defini algumas soluções possíveis para colocar em prática o MINIMALISMO DIGITAL:

1) Desativei todas as notificações de aplicativos (TODAS mesmo. Não recebo notificação nem mesmo de e-mail). Sou eu quem decide em qual momento do dia verificarei minhas notificações e não o celular;

2) Não durmo com o celular no quarto para evitar pegar nele assim que acordo;

3) Ativei lembrete do Instagram para me avisar quando atingir 1 hora de uso diário (é o máximo de tempo por dia que tenho condições de doar aos anunciantes );

4) Estou optando por acompanhar criadores de conteúdos por blogs ou YouTube (com ressalvas);

5) Meu celular é completamente no silencioso (não toca, nao vibra) e como passo muito tempo em casa já que trabalho em home office, estou fazendo mais uso do telefone fixo;

6) Quando preciso consultar agenda , checar e-mails, ver os blogs ou assistir algum vídeo no YouTube prefiro acessar a internet pelo tablet, pois nele não tenho nenhuma rede social instalada;

7) Exclui todos os aplicativos da minha tela inicial do celular,

8) Utilizo cronômetro para meus sprints de leitura e despertador digitais para evitar o uso do celular nessas ocasiões;

9) Não mantenho aplicativos similares que tenham a mesma finalidade de uso. Não vejo nenhuma necessidade em criar um perfil no Tik Tok se já uso o Instagram , por exemplo.

Essas são as estratégias que atualmente tenho utilizado no meu dia a dia para evitar o desperdício de tempo online e me expor menos nas redes. O importante é usarmos a tecnologia a nosso favor.

Você já refletiu sobre isso ?