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Como passei a me interessar por arte?

Atualizado: 10 de fev.



Eu nunca havia me interessado verdadeiramente por arte. Apesar de sempre achar importante incluir a arte no meu cotidiano e das minhas filhas de alguma forma. Levar em exposições, concertos, peças de teatro e principalmente,  incluir uma educação musical.


Mas eu achava que arte não era para mim, não conseguia enxergar beleza e era tudo muito estranho.


Lendo Água Viva, vi um trecho em que Clarice diz assim:


 "(...)quando estranho uma pintura é aí que é pintura. E quando estranho a palavra aí é que ela alcança o sentido."

O sentido pelo estranhamento. Eu não entendia, estranhava, mas também me atraía. 


A partir desse trecho resolvi falar com vocês sobre essa minha busca por conhecer um pouco mais sobre esse universo imenso da arte para, assim, aumentando meu contato com esse conteúdo,  conhecendo os movimentos artísticos, meu interior se torne mais aberto. (Não sei se faz sentido para vocês, mas para mim faz).


Meu desejo surgiu a partir de um ensaio de George Steiner chamado "O leitor incomum " (tem resenha sobre esse ensaio aqui no blog) , onde ele analisa a pintura de Chardin , o quadro Le Philosophe Lisant de 1734. 


Steiner foi analisando cada elemento da imagem como como a roupa do leitor de Chardin,  a ampulheta,  os medalhões , a pena, entre outros, para nos mostrar todo o simbolismo que envolve essa obra e relacioná-la com o ato de ler.


Eu achei tudo tão bonito que me emocionou e foi daí que percebi que precisamos estar abertos para ver e sentir a beleza. Silenciar nosso interior,  sair desse burburinho digital e nos permitir.


Eu fiquei dias e dias olhando essa pintura e deixando os sentimentos tomarem conta de mim.


Proust também foi um grande inspirador para mim. Quem já leu o Em busca do tempo perdido sabe o quanto a arte é um tema basilar em sua obra, tanto a música, a pintura e a própria literatura,  mas a pintura muito me comoveu, em especial, a cena em que Swann descobre amar Odette ao associar sua imagem à de Séfora de Botticelli. Ele chegava a abraçar a pintura imaginando estar colocando Odette junto ao seu coração.


É essa sensação que eu busco. Ter olhos para ver além do quadro , das cores,  dos borrões.  Conseguir captar o que o artista queria expressar ou tal como Swann,  descobrir sentimentos escondidos e revelados através da arte.


Em uma outra passagem do último volume Proust vai dizer que somente pela arte podemos enxergar vários mundos quantos forem os artistas originais ... Somente pela arte podemos sair de nós mesmos.


Daí eu concluí que não somos educados para a arte, mas podemos treinar o nosso olhar e os nossos sentidos através do contato com ela.


Nesse meu processo estipulei alguns caminhos que resolvi compartilhar aqui com vocês:


1. Conhecer e escutar música clássica: Baixei várias playlists no Spotify e tenho escutado com frequência. Descobri um apreço por música barroca e também por cantos gregorianos;


2. Assistir bons filmes com total atenção aos elementos estéticos que antes passavam despercebidos ao meu olhar;


3. Ler conteúdos sobre arte, procurar informações sobre pintores, escultores, e claro, ler sobre a história da arte. Para isso, estou engatinhando na leitura do livro do Gombrich (A história da arte). É um calhamaço, mas não tenho pressa. Esse é um projeto para a vida inteira. Também tenho utilizado a obra "O livro da arte" da Globo livros.


Música, cinema e literatura.  Acho que é por aí.


É isso, leitores.

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Bela iniciativa Naty 😊

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Obrigada amiga. Vou compartilhar essa jornada de aprendizado por aqui

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