Uma das paixões que adquiri ao longo desses anos de leitura foi o prazer de ler cartas. Esse tipo de literatura tem ganhado cada vez mais espaço na minha estante e no meu coração.
A melhor obra epistolar que li até o momento foi esse livro "Cartas a um jovem escritor e suas respostas". Nele podemos acompanhar a troca de correspondências entre o já famoso escritor Mário de Andrade e o jovem Fernando Sabino durante o período que vai de 1942 a 1945.
Fernando sabino nessa época tinha 18 anos e sonhava em ser escritor. Ele, então, enviou a Mário de Andrade um livro de contos que escreveu com apenas 14 anos para que Mário opinasse se seria ou não publicável.
A partir daí inicia uma forte amizade entre eles e a troca de cartas que perdurou até a morte de Mário em 1945.
Eles falam sobre livros, sobre sonhos, sobre a vida. São conselhos valiosos e atemporais de um dos nossos ícones da literatura brasileira.
Indico a leitura a todos e especialmente para quem é escritor . Tenho certeza que os conselhos e orientações de Mário de Andrade que fizeram diferença para Fernando Sabino poderá fazer diferença para escritores atuais também.
Fica aqui a dica de leitura que, por sinal, eu favoritei.
Adquiri essa preciosidade em um sebo. É uma edição esgotadíssima, mas acredito que em sebo seja mais fácil encontrar.
Vou deixar alguns trechos para degustação que são conselhos preciosos de Mário de Andrade à Fernando Sabino sobre leituras essenciais que ele (Fernando) deveria ler para ter uma cultura literária geral.
Valeu para Fernando Sabino e vale para todos nós.
"Há certas coisas que a gente carece de conhecer e gostar. Gostar de, faz parte da dignidade humana do indivíduo. Você precisa ler Camões, nos Lusíadas e nos sonetos pelo menos. E com ordem de gostar. Numa edição crítica boa. Você precisa ler, da mesma forma, Dante na Divina comédia inteira e na Vita Nuova. E Cervantes, o Goethe do Fausto e dos romances (si souber alemão também as tragédias e os lieder), está claro todo Shakespeare, e assim por diante. É impossível detalhar. Mas não são muitos não. E a Bíblia, por favor, não se esqueça! Enfim há uns dez homens essenciais, que a gente lê, gostando de antemão, com ordem de gostar, e gostando a posteriori. Faz parte da dignidade do ser. "
"As leituras imprescindíveis não podem ser devoradas. "
E sobre a nossa literatura, Mário de Andrade foi categórico: Leia os brasileiros!
"Ler os brasileiros... Meu Deus! aqui também entra a noção da dignidade do indivíduo. Me parece um pouco canalha a gente conhecer Anatole France e não ter lido as "Cartas Chilenas"; falar de Proust e não falar de Gregório de Matos ou Cruz e Souza. É mais uma questão humana de proximidade. E, já falei, creio, você precisa muito de ler Machado de Assis, mas ler com reler, roubando ele, plagiando ele, não no estilo nem no espírito mas na delicadeza de sentimento."
Fiquei curiosa para ler, parece muito interessante.