Hoje o blog completa 1 ano de existência. Ele surgiu através de um sentimento de descontentamento. Não estava feliz com a minha presença nas redes sociais. Aliás, minha relação com o Instagram sempre foi conflituosa. É preciso constatemente equilibrar meus pratinhos interiores entre o desejo de me expressar e a necessidade de me ausentar.
Para o meu temperamento que flerta frequentemente com a introspecção, a super exposição é um veneno. O excesso de informações também me deixa bagunçada internamente.
Preciso do silêncio como quem precisa parar para respirar após uma longa corrida.
Por isso, a minha melhor forma de expressão é a escrita, onde as palavras precisam ter todo o destaque. Elas sobem ao palco e se mostram , ou melhor, me mostram para vocês.
Eu não sou escritora e , portanto, aqui me dou o direito de escrever de maneira informal e livre.
Bernardo Soares, em O livro do desassossego, dirá que :
"Porque escrevo se não escrevo melhor? Mas que seria de mim se não escrevesse o que consigo escrever, por inferior a mim mesmo que nisso seja? (...) Para mim, escrever é desprezar-me: mas não posso deixar de escrever. Escrever é como a droga que me repugno e tomo, o vício que desprezo e em que vivo. Há venenos necessários e há-os subtilíssimos, compostos de ingredientes da alma, ervas colhidas nos recantos das ruínas dos sonhos, papoilas negras achadas ao pé das sepulturas dos propósitos, folhas longas de árvores obscenas que agitam os ramos nas margens ouvidas dos rios infernais da alma."
Eu não sou escritora, mas tenho o vício de escrever e o blog tem se tornado, aos pouquinhos, esse espaço virtual onde pedaços de mim são deixados através dos livros.
"Que me pesa que ninguém leia o que escrevo? Escrevo-o para me distrair de viver, e publico-o porque o jogo tem essa regra." (Bernardo Soares, Livro do desassossego)
Mas voltando a ideia do blog, algo que também acontece constantemente comigo é que quando estou presente demais no mundo virtual parece que estou negligenciando alguma coisa na minha real. Um livro que poderia estar sendo lido, uma caminhada no parque, um café da tarde com alguma amiga, um tempo de qualidade com alguém especial.
Acho que isso acontece porque quando me conecto com algo (mesmo que virtualmente) isso passa a fazer parte inteiramente da minha vida. Admiro os que conseguem separar as coisas, mas a minha existência só tem uma dimensão.
O blog, então, nasceu de uma tentativa de conciliação entre esses dois desejos discordantes.
Numa tentativa também de autonomia, pois aqui é um espaço que eu administro à minha maneira, no meu ritmo, sem preocupação com algoritmo, sem limitação de caracteres que muitas vezes podam a minha tentativa de comunicação.
Nesse espaço falo de livros, mas os atentos irão perceber através das resenhas que falo muito mais da vida, dos sentimentos, dos conflitos existenciais que todos nós temos, de tudo que habita o nosso humano coração.
Dias atrás publiquei um post no instagram onde eu refletia sobre o que o blog não é e peço licença para colocar um trechinho aqui para vocês:
"Ele não é um espaço para ensinar nada a ninguém.
Ele não é um espaço para dissertar academicamente sobre nenhum assunto.
Ele é, como disse Fernando Pessoa (ou melhor, Bernardo Soares) em O livro do desassossego: "é apenas como o falar alto de quem lê".
É a minha voz interior lançada ao mundo.
Não é obrigatório que faça sentido para alguém ou que seja digna de louvor, é somente uma forma de existir fora de mim."
Muito obrigada a todos os que vêm até aqui ouvir os meus ecos.
Até agora, tem sido uma jornada feliz.
Parabéns, amiga! 1º ano de muitos que virão 🫶🏻
Aeeee 🎉🥳
Parabéns pelo 1º ano do blog Naty e que venham muitos outros, sempre que possível estarei por aqui para ouvir os teus ecos, grande abraço 🤗 💜