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A queda da casa de Usher (Edgar Allan Poe)

Foto do escritor: A leitora ClássicaA leitora Clássica

Estamos no mês do horror e aproveitando o lançamento da nova série da Netflix, o #lendocontonaquinta traz hoje a resenha do conto do mestre do horror Edgar Allan Poe, A queda da casa de Usher.


A série da Netflix que recebe o mesmo nome do conto possui 8 episódios baseados nos contos do Poe, dos quais 6 deles estão presentes nessa edição da Editora Pandorga, sendo eles: O gato preto, A máscara da morte rubra, O poço e o pêndulo, O coração delator, Os assassinatos da rua Morgue e O corvo.



Em A queda da casa de Usher, Poe com sua escrita magistral e através de um narrador em primeira pessoa que não foi nominado, nos coloca diante de uma paisagem outonal melancólica e sombria , a vista da Casa de Usher.


É um costume antigo as casas de famílias com longa tradição levarem o sobrenome dessas famílias, logo Usher refere-se tanto à família Usher quanto ao imóvel que eles habitavam.


Além dos personagens humanos, a mansão Usher é uma importante e central figura do conto, pois ela interfere diretamente no estado de espírito do narrador.


Ele ressalta várias vezes o quanto a sua aparência, as paredes nuas, as suas janelas que pareciam olhos vazios, causava nele uma insuportável sensação de melancolia.


Ele também dirá que, ao percorrer o interior da casa, percebia uma certa harmonia entre o aspecto da propriedade e o caráter das pessoas e ficava especulando sobre essa possível influência da casa sobre os moradores e dos moradores sobre a casa.



Tudo começa quando o narrador recebe uma carta de um amigo de infância que não via há muitos anos pedindo para que ele o visite , pois estava muito doente e gostaria de ver seu único amigo na tentativa de melhorar da sua doença com a alegria de sua presença.


O amigo chamava-se Roderick Usher, membro da família Usher e dono da mansão.


O narrador nos conta a história de Roderick e a sua experiência na casa de Usher através de suas memórias.


Roderick morava com sua irmã, Lady Madeline, e alguns criados.


O narrador vai nos dizer que a doença a qual o amigo se referia na carta lhe causava dores agudas no corpo e um intenso distúrbio mental. Ele era uma pessoa de profunda sensibilidade e aguçados sentidos. Ele também se refere ao amigo como hipocondríaco, o que nos leva a pensar que a doença de Roderick, na verdade, é fruto da sua mente obsessiva.


O fato é que mesmo não vendo o amigo há muitos anos e sabendo pouquíssimo sobre ele , o narrador decide atender seu pedido e ficar algumas semanas em sua companhia.


Ele sabia, porém, que a família Usher havia sido muito influente e respeitada e sua linhagem era muito antiga, desde os tempos imemoriais, e era conhecida por uma característica peculiar : a família Usher não tinha tido nenhuma ramificação duradoura. Toda a família se limitava a uma linha de descendência direta.


Descendentes diretos são pessoas que se ligam apenas por meio do relacionamento entre pais e filhos. Se a família Usher só possuía descendência direta e era uma família muito antiga, seus membros se relacionavam entre si.


O conto inicia com o narrador diante da mansão e apesar de todo desconforto causado por aquela paisagem lúgubre, decide entrar.


É recebido por alguns criados que o levam até o cômodo onde se encontrava Roderick.


As descrições de ambientes tanto da parte externa quanto da parte interna da casa são muito minuciosas e criam uma atmosfera de suspense e mistério o tempo todo.


Ao ver o amigo, o narrador se assusta com a sua fisionomia. Um homem pálido, uma palidez fantasmagórica e um brilho sobrenatural nos olhos que o faziam olhar para ele com piedade e admiração.


A mesma aparência decrépita de Roderick que antes tinha uma notável beleza, observava-se também na casa que, outrora havia sido majestosa e bela , porém agora era decadente com rachaduras aparentes e lodo espalhados por todas as paredes externas.


O narrador percebe que o estado de espírito de seu amigo alterna entre alegre e carrancudo, até a sua voz modifica-se rapidamente. O anfitrião vai dizer que isso acontece devido a sua doença que é uma herança familiar e o faz ter uma multidão de sensações alternáveis e que lhe causavam uma agitação intolerável da alma.


O narrador diz, então, que a impressão é que o amigo estava amarrado a uma estranha espécie de terror.


Eles conversam e é quando o narrador visualiza Lady Madeline pela primeira vez. Ela passa por eles e Roderick diz para o amigo que ela está muito doente com uma enfermidade que lhe dá um aspecto cataléptico.


O médico da família tentou diversas possibilidades diagnósticas, mas sem chegar a uma conclusão.


A catalepsia é um distúrbio raro, onde a pessoa fica com os músculos rígidos, sendo facilmente confundido com o óbito.


Antigamente não havia recursos tecnológicos para identificar o estado cataléptico e são comuns os relatos de pessoas "mortas" que teriam acordado durante o velório por poderes sobrenaturais.


No conto, Lady Madeline falece na mesma noite da chegada do narrador à casa, mas devido essa falta de tecnologia para identificar um óbito de forma segura e a ausência de um diagnóstico confiável da enfermidade da irmã, Roderick decide aguardar 15 dias para fazer o seu enterro definitivo.


Ele, então, com o auxílio do narrador sepulta temporariamente Lady Madeline em um porão que fica no subterrâneo da mansão, bem abaixo do quarto de hóspedes.


O que acontece após a morte de Lady Madeline vocês terão que ler o conto para saber, mas vale a pena chegar até o final.


O que mais me surpreende nos contos do Poe é a forma primorosa como ele vai construindo a atmosfera de mistério e horror. Durante toda a leitura do conto vivenciei a mesma agonia descrita pelo narrador e isso se deve ao talento do escritor.


É uma narrativa bastante sensorial. Todos os nossos sentidos são acionados durante a leitura (visão, audição, paladar) e Poe faz isso de uma forma sensacional. Nada é irrelevante nas narrativas do autor.


Indico o conto porque ele nos faz refletir sobre temas que não esgotam com a sua leitura como a loucura, a maldade humana, a culpa e o medo.




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4 Comments

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patriciamilanis
patriciamilanis
Mar 01, 2024

Naty lembro que o primeiro contato que tive com o autor foi ao ouvir a tua narração de um conto dele na tua página no Instagram do #lendocontonaquinta. Depois disso salvei na minha lista os livros dele para ler, ainda não tive a oportunidade mas pretendo ler em breve.

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Que legal saber disso, Paty. Fico feliz que tenha te instigado a ler esse grande autor.

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bethlima3170
bethlima3170
Oct 19, 2023

Acabei de assistir a série apesar de ser bem macabra pro meu gosto, eu achei ótima. A mensagem deixada é muito inteligente.

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Tô louca pra assistir amiga.. será minha programação do final de semana

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